Mercado Xipamanine em Moçambique.
Um dos maiores e mais antigos mercados de calamidade da cidade de Maputo
4/5/2024


Antes de morar em África, não fazia ideia do que eram os chamados "mercados de calamidade", então, talvez, essa seja uma pergunta sua.
As roupas de calamidade são as que vem como doações de países da Europa, Estados Unidos e Austrália. Elas vem em containers pra países africanos e são comercializadas por um valor muito muito muito baixo. Não estamos falando só de roupas, como de tudo o que você puder imaginar. Roupa de cama, mesa, banho, roupa infantil, sapatos etc... Tudo chega em fardos para países como Moçambique.
Não podemos esquecer que Moçambique está em sétimo lugar no ranking de país mais pobre do mundo, com um PIB per capita de US$ 1.293.
A situação econômica de Moçambique permanece num estágio de subdesenvolvimento, com 43% da sua população enfrentando extrema pobreza. Apesar da abundância de recursos naturais no país, sua economia continua altamente ligada à agricultura, sujeita a condições climáticas desfavoráveis, tais como secas e inundações. Adicionalmente, o setor industrial está em fase inicial de crescimento e a infraestrutura nacional é restrita.
Tem vários debates envolvendo os mercados de calamidade nos países africanos. A quantidade de lixo têxtil enviada do Norte pra cá, entre outras questões que uma pessoa com mais conhecimento na área do que a vos fala pode explicar melhor.
Eu vim aqui contar pra vocês como foi a minha experiência pela primeira vez no Mercado de Xipamanine.
Primeiro ponto: não vá sozinha. Não vá sem conhecer. Quanto falo que o mercado é enorme é que o mercado é IMENSO. Não tem fim. É muito grande mesmo e você, facilmente, consegue se perder e não achar a saída. Recomendo também por ser um lugar em que os moçambicanos consideram perigoso.
Ouço muito sobre os perigos de Maputo no meu instagram e tiktok e 100% dos alertas vem de Moçambicanos. Como brasileira, me sinto muito segura na capital, mas, claro, sempre atenta justamente por ser brasileira. Então, cuidado excessivo nunca é demais, né? Sem celular a mostra. Sempre dentro da mochila.


A experiência de estar em um mercado como o Xipamanine é diferente de tudo o que já vivi em todos os lugares que visitei. Um caos organizado. Tudo é dividido por setores. Tem a parte em que as roupas são colocadas em um fardo no chão e cabe a você organizar e tem o setor em que tudo é perfeitamente estendido em cabides e colocados na exposição. Roupas de esporte, camisas, jaquetas, vestidos de noiva, calcinhas e cuecas. Pensou? Tem lá.
Recomendo ir com paciência e com tempo na calamidade.
Fora as roupas, nesse mercado você encontra comida, cosméticos, ferragens, artesanato, panelas. É uma infinidade de barraquinhas e vendedores.
A dica preciosa que meu amigo Ginaldo, que mora em Maputo há 3 anos, me deu é: vá ao domingo. É o dia que tem menos gente e você consegue fazer tudo mais com calma. Até no sábado ele foi e estava bem cheio, então estou repassando a dica de amiga aqui pra vocês.


Com certeza quero voltar ao Xipamanine com mais tempo e sem a câmera para poder ficar mais por lá e (tentar) ver o máximo possível!